Depois de uma temporada An der sargkante*, expressão alemã para ‘estar no bico do corvo’, retorno um tanto estupefato, tonto do que vi neste período sem tesão para fazer nada. Uma das mais impressionantes foi a escolha pessoal de Fabrício Oliveira de quem será o candidato a sua sucessão. Minha leitura é básica. Fabrício fez uma escolha fundamentada na religião não importando todo apoio que lhe foi dado por muita gente, seja CPF ou CNPJ nas duas últimas eleições.
Fabrício surpreendeu a cidade toda ao escolher como candidato, com todo respeito, um ilustre desconhecido. A primeira reação das pessoas com quem interagi An der sargkante foi, mas, quem é esse cara? Tanto isso é verdade que foi desencadeada uma operação de encontros e reuniões para apresentar o clone, como está sendo chamado o candidato pela sua semelhança física (e de vestuário) com o mentor. Mentor que foi seu sócio “até ontem” numa empresa de propaganda outdoor. Compreensível que durante os oito anos de governo o projeto de lei chamada Cidade Limpa, apresentada em 2009 e que combateria a poluição urbana, adormecesse nas gavetas da Câmara de Vereadores.
Da parte do Grupo dos 12, conjunto de empresários que apoiam Fabrício, descarte os incondicionais, no meu An der sargkante houve reações do tipo “tô fora”, ou “agora tá 0x0”, “pois é, acho que a Juliana tá ganhando muita força”. Ou seja, depois de oito anos, Fabrício descarta naturalmente alguns nomes que apoiaram o seu CPF.
Da parte dos partidos políticos, o maior constrangimento foi do MDB que, se achando esperto, colocou em prática a velha máxima do ‘se não dá para combater vamos nos aliar’ e levou a maior rasteira do projeto pessoal/religioso de poder com a filiação “por fora” de Renato Cruz sob a chancela de Carlos Chiodini e do pastor todo poderoso da fé e da política de BC.
Da parte dos eleitores, descarte os incondicionais, conheço muita gente que votou no Fabrício em 2016 e em 2020, mas que, agora, afirmam não votar mais. O motivo é óbvio.
Da parte dos mais chegados de Fabrício, o comentário de um deles, isso há uns cinco anos quando ele dizia, contrariado, que o fundamentalismo religioso vai dominar as sociedades. Parece estar se encaminhando e com a chancela dele próprio, o que é mais incrível.
É. Fabrício mudou bastante desde que foi eleito em 2016 e as pessoas se dão conta disso pelos gestos e atitudes do jovem prefeito.
Triste é ver um governo largado onde tem até secretário de educação posando de escopeta em punho. Ok, sua passagem foi meteórica, mas o simples fato de ser anunciado demonstra o total desprezo com a governabilidade, pois as atenções estão voltadas a apresentar o candidato a sucessor em calendário de reuniões.
Me dá tristeza tentar audiência para um assunto prá lá de relevante ao turismo de BC e ser esnobada enquanto vejo o prefeito saracoteando para lá e para cá com o candidato a tiracolo.
Candidato esse que, segundo o jornalista Aderbal Machado escreveu no seu blog, é tecnicamente um paraquedista do ponto de vista eleitoral, já que nunca votou em Balneário Camboriú. É sua primeira vez. Ele nunca sequer votou para o mentor. Ninguém merece. Ops… aos incondicionais qualquer coisa é merecida.
*No canto do caixão.
Foto: túmulo do Cemitério dos Imigrantes de Joinville
2 Comments
o clone não vota e não mora na cidade, detalhes
O clone é na verdade o Fabrício da Shopi,já ta viração popular.