Zona de Interesse, produção britânica de 2023 sob a direção de Jonathan Glazer, é uma demonstração de como o ser humano se fecha em seu interesse mesmo tão próximo de um cotidiano de atrocidades que representou o campo de concentração de Auschwitz durante a II Guerra Mundial.
Rudolf Höss (Christian Friedel) comanda o campo de concentração e vive numa bela casa separada por um muro. Ele vive com a família, esposa e filhos como se nada acontecesse do outro lado do muro.
Sem precisar mostrar um só minuto do que acontecia do outro lado do muro, os áudios perturbadores de pessoas desesperadas, de sirenes, de tiros tomam conta das cenas. Quando não o poder do áudio, a fumaça dos crematórios contrastando com o cenário do bucólico jardim da casa e sua piscina frequentada pela família.
Aliada a narrativa, as longas tomadas de cenas com um fundo musical aterrorizador levam o espectador a uma viagem muito louca e inquietante para quem está no sofá levando a uma reflexão profunda sobre o comportamento humano diante da adversidade. Ou seja, a normalização do que não nos afeta, que o problema é dos outros. Se eles estão lá entre os muros é porque “fizeram por merecer”.
Chocante e imperdível para quem é capaz de discernir o que é certo e o que é errado. Já para os rasos em consciência é só mais um filme. Uma bobagem, se é que você me entende.