BC passou a ser uma extensão do jardim divino desde que o prefeito Fabrício Oliveira decidiu, por pura ocasião, ser um pregador da Deus, pátria e família depois de uma formação política toda vivida em ambientes de centro esquerda. A partir daí esqueceu a cidade e passou a governar para um pequeno grupo de pessoas com poder econômico e religioso, a chamada bolha, ou o cercadinho bolsonarista.
Na verdade, Fabrício quis brincar de Deus e não se deu conta que durante os últimos quatro anos Juliana Pavan se credenciou para enfrenta-lo. A derrota começava a ser anunciada quando, em 2016, escolheu CH para ser seu vice, mesmo contra a vontade de alguns de seus colaboradores. Miraram no dinheiro de CH já prevendo a rasteira, mas arrumaram um fantasma que irá atormentar Fabrício para o resto de sua carreira política.
A rasteira veio bem depois, em 2024, a maior dos erros políticos, afinal, para o eleitor o candidato natural da situação seria CH e as pesquisas na época indicavam esse cenário. Com CH descartado, tentaram Rubens Spernau achando que seria a salvação, mesmo com o ex-prefeito fora de cena há muitos anos.
Então surgiu, do nada, Piter Lee, anunciado a Jorginho Melo que deu carta branca para Fabrício mesmo com sua preferência pelo nome do CH. Foi Jorginho quem anunciou Píter ao grupo de empresários apoiadores de Fabrício. Mesmo com os empresários se entreolhando numa reação de “que porra é essa”, eles acabaram apoiando a invencionice do prefeito. Jorginho assistiu a tudo calado.
Na sequência, Fabrício perdeu o MDB, o Podemos, o União Brasil, o Republicanos… e viu surgir o DC, dissidência do próprio PL.
Veio a eleição. Juliana desponta nas pesquisas internas e, posteriormente, nas registradas com uma diferença considerável e, a partir daí, Fabrício, Píter e cia. rasgam a fantasia cristã e partem para a baixaria explícita, o que provocou uma redução considerável na diferença de pontos no resultado final. Mesmo assim não deu certo. A máscara de bom moço caiu e ficou a face verdadeira de Fabrício Oliveira exposta. Agora ele que se entenda com Jorginho e, pasme, CH que sai fortalecido do processo eleitoral internamente no partido.
Para a cidade a vitória de Juliana foi ótima no sentido de romper com a continuidade e acabar com todos os vícios e acomodações que um governo sem alternância provoca. A estrutura governamental sofrerá uma oxigenação. Os escalões mais baixos, muitos dos que ocupavam sem qualquer qualificação, terão que retornar ao mercado de trabalho de verdade sem mais o faz de conta.
De resto é torcer para que Juliana faça um bom governo, porque, caso contrário o cidadão tem a seu favor uma arma letal contra os acomodados, arrogantes e que se acham com o monopólio divino: o voto.